A ilha da loucura

     Meus pacientes sempre foram minha prioridade. Muitas pessoas não entendem meu ponto de vista, mas tudo que faço, é pensando nas pessoas que vivem e se tratam nessa clínica psiquiátrica. Sou o doutor John Cawley, e sou diretor desse hospital. Tenho muitos casos peculiares, muito diferentes uns dos outros. Mas nesse momento, meu principal paciente é Andrew Laeddis. Ele precisa de muito cuidado e atenção. Fico preocupado, não sei se é realmente perda de tempo, ou se vai ter algum tipo de reconhecimento por todo o esforço que estou fazendo. Fico refletindo sobre isso boa parte do meu dia. Mas preciso manter o foco. Eu tenho de fazer isso.
     Andrew é um homem perturbado. Depois que sua esposa assassinou seus três filhos, e os jogou no lago, ele se sentiu tão culpado por não estar presente e ter tentado impedir que o crime acontecesse, que matou sua amada ali mesmo. E desde então vive uma realidade paralela para se esquecer da coisa horrível que fez.
     Na realidade paralela, Andrew é um detetive, que foi chamado para essa ilha para investigar um caso de desaparecimento de uma suposta paciente da clínica. Desde  que vive nesse universo criado por ele, eu estive alimentando essa ilusão. Faz parte de um tratamento científico que ainda está em experimento. Isso me preocupa muito, fico com muito receio de que ele regrida no seu processo de recuperação e que ele possa piorar.
     Andrew realmente levava muito a sério sua segunda vida, tanto que em sua investigação, chegou a gritar com outros pacientes, agredir até. Essa situação estava ficando séria, tinha de contar a ele a verdade. Mesmo que isso significasse que eu havia apenas perdido meu tempo. Tinha que pensar que mesmo eu não chegando aonde eu queria, estava mais perto do meu objetivo do que ontem. 
    Estava em meu escritório, pensando como eu poderia revelar toda a verdade. Não conseguia pensar em outra coisa, esse assunto estava me deixando angustiado, tinha de ter uma jeito de falar tudo a Andrew sem que ele surte.
    De repente, um barulho interrompeu meus pensamentos. Era o senhor Laeddis. Ele entrou em meu escritório com rapidez. Sua feição estava perturbada, e havia uma arma em suas mãos. Comecei a soar, ficar nervoso. Acho que aquele era o momento para lhe soltar a bomba.      Depois de lhe contar toda a verdade sobre sua vida, e toda a realidade paralela criada por ele para superar a morte de seus filhos e esposa, ele surtou, ficou me dizendo que não era verdade, que eu era louco. Foi aí que refleti, e percebi. Finalmente havia descobrido o que me deixava completamente fora de si. Imaginava coisas fora do normal e descontava minha preocupação, meu vazio e tristeza em tudo! Eu estava tão preocupado com os outros pacientes que esquecia de mim mesmo.  O ambiente sempre me deixou depressivo, uma energia nada agradável. Virei aquilo que mais temi em toda minha vida, o próprio desespero psicológico. Afinal, a loucura é uma ilha perdida no oceano da razão.

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